quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Perfil

Eu tenho dentro de mim um furacão de anseios, desejos e dúvidas.
Calo-me dia após dia, pois quanto mais procuro entender, menos eu sei a meu respeito.
Sou como um misto de silêncio e tempestade
Quão enganosa eu sou, tentando me persuadir, figura cômica e louca
Digo-lhes a verdade, escondendo isto de mim, sou um furacão, feito de idéias e opiniões, vivências e ilusões, tentando conter-se na forma de brisa da tarde.
Ah que vontade insana de ter mil vidas
Viveria cada uma de forma diferente!
Como consigo apreciar coisas tão variadas?
Há quem diga ser impossível dividir seu apreço por coisas opostas
Mas é o tudo diferente que me faz querer ambos.
Cansei de tentar, sem desejar realizar, descrever o meu ser
Sempre que acredito conhecer sou surpreendida por novas concepções
E penso, transformo, faço e me refaço
Jamais desejei ser tão intensa, e ser tão inerte...
Amar muitos, e ao fim parecer não amar a ninguém.
Oh quão doce poderia ser o meu ser
Mas sou doce, deveras, e quão amargo é o meu pensar
Tenho alma de um mar sereno e claro, que azul celestial aparenta ser
Quão traiçoeiro, é sem querer
Meu mar de alma... Que exacerbada tendência de afogar todos que por ti tentam navegar
Quão doce poderia ser...
O gosto de não conseguir se expressar é azedo
Por que a vida não pode ser vivida de forma escrita?
Retiremos a obrigação da oralidade!
Com certeza assim, ou talvez, eu seria melhor compreendida.

J.H. Rocha